Inscrição obrigatória para o workshop dos dias 13 e 14 de Agosto:
II Dança em Redes UNICAMP
Entre os dias 12 a 15 de agosto de 2025 acontecerá no Departamento de Artes Corporais IA e no Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora o evento Internacional II Dança em Redes Unicamp que convida pesquisadores, professores, estudantes e artistas com interesse na criação e composição em dança mediada por novas tecnologias e sistemas interativos entre corpo, movimento, som, imagem e programas computacionais.
As pesquisadoras convidadas Ana Maria Leitão (INET-md,PT) e Julia Abs (BR) irão ministrar o workshop imersivo “Partituras e Danças Generativas” compartilhando duas perspectivas distintas: a composição coreográfica através de práticas de dança generativa com o programa GDAM; e, a composição coreográfica a partir do método de improvisação “Improvisation Technologies” de William Forsythe, e do trabalho interdisciplinar entre a dança e as mídias digitais para visualização de conhecimento coreográfico dos projetos Motion Bank e Choreographic Coding Lab.
O workshop será direcionado a artistas da dança, estudantes e profissionais das artes do corpo. As vagas são limitadas e as inscrições serão feitas mediante preenchimento do formulário:
Para além do workshop, a programação contará com uma mesa redonda e apresentações de pesquisas e experimentos multimodais. Locais das atividades: Sala EB14 (antiga engenharia básica da Unicamp) e NICS (reitoria IV).
Certificados de participação serão emitidos separadamente para a mesa redonda (dia 12 de agosto) e para o workshop (dias 13-15 de agosto). O participante que se inscrever no workshop deverá participar de forma imersiva para receber o certificado: dias 13, 14/08 (9h00 às 12h00 e 13h00 às 17h00) e dia 15/08 (9h00 às 12h00).
Para maiores informações: nredes@unicamp.br
Programação
Terça-feira dia 12 de agosto | ||
13h45-14h | AberturaDaniela Gatti, Manu Faleiros | NICS |
14h-16h | Mesa redonda: Dança – Movimento – TecnologiaJulia Abs, Ana Leitão, Stéphan Schaub Medição : Daniela Gatti | NICS |
16h00-17h15 | Apresentação experimentos multimodaisIsadora Alonso. Paco Vasconcelos e Guilherme Zancheta | NICS |
Quarta-feira dia 13 de agosto | ||
9h-12h 13h-17h | Workshop: Partituras e Danças Generativas (inscrição obrigatória no link acima) com Júlia Abs e Ana Maria Leitão. | EB 14 |
Quinta-feira dia 14 de agosto | ||
9h-12h 13h-17h | Workshop: Partituras e Danças Generativas (inscrição obrigatória no link acima) com Júlia Abs e Ana Maria Leitão. | EB 14 |
Sexta-feira dia 15 de agosto | ||
9h-12h | Workshop: Apresentação Processo Partituras e Danças Generativas (aberto) com Júlia Abs e Ana Maria Leitão. | EB 14 |
14h-17h | Workshop: Vivência Formativa Teórica-Prática com estudantes da graduação em dança com Júlia Abs e Ana Maria Leitão. | EB 14 |
Terça-feira dia 12 de Agosto
13h45 – Abertura da segunda “Dança em Rede UNICAMP”
Com: Daniela Gatti e Manuel Falleiros
14h . Mesa redonda: Dança – Movimento – Som – Tecnologia
Com: Ana Maria Leitão, Júlia Abs e Stéphan Schaub
Moderação: Daniela Gatti
Ana Maria Leitão:
Corpos em Sistema: Da Complexidade à Criação Coletiva em Dança
A alternância entre o trabalho comunitário e a composição com profissionais têm marcado o meu percurso como artistas e coreógrafa, permitindo-me integrar técnicas de geração de movimento em diferentes contextos. Em ambos, exploro como os participantes se escutam e respondem mutuamente através do movimento, aprofundando dinâmicas relacionais.
A minha prática é influenciada por técnicas somáticas e de dança contemporânea, assim como por uma formação interdisciplinar em astronomia e sistemas complexos. Este cruzamento entre arte e ciência, aliado ao meu interesse pela composição coletiva, levou-me a desenvolver, em colaboração com a minha orientadora, o GDAM® – Programa de Dança Generativa.
Inspirado por fenómenos naturais e por uma ontologia relacional (Kleinman, 2013), o GDAM propõe partituras visuais baseadas em autômatos celulares (Leitão, Severino & Alves, 2023), que operam como objetos coreográficos (Forsythe, 2009). Através da co-presença corporal, da atenção partilhada e das ações de Outrar (Pessoa, 2019), procura-se promover um processo de co-criação que favoreça a emergência de uma identidade coletiva – o ‘nós’ – e um sentido de togetherness.
Júlia Abs
Conhecimento Coreográfico: documentação, transmissão e análise digital de dança
O ponto de partida de minhas considerações são projetos motivados a legitimar o conhecimento coreográfico, principalmente na interlocução com outras áreas do saber. Para esse fim, eu aponto alguns casos exemplares na sistematização desse tipo de conhecimento através da documentação, análise e transmissão através de mídias digitais: Synchronous Objects for One Flat Thing, reproduced (2009), Motion Bank (2010-2013), e o Choreographic Coding Lab. Com esses exemplos eu procuro refletir sobre a dança e a coreografia como áreas específicas do conhecimento, as quais, no entanto, suscitam questões tais como: qual é esse conhecimento?
William Forsythe é um coreógrafo cujas obras significativas de dança contemporânea gerou um rico conjunto de materiais únicos relacionados à criação e produção coreográfica. Esses materiais alcançaram o status de “recurso” para pesquisadores não apenas das artes cênicas, mas também de outras disciplinas como arquitetura, música, filosofia e ciências cognitivas. Forsythe, e as organizações formadas ao seu redor começaram a pensar como criar, gerenciar e disseminar seus recursos coreográficos. Suas abordagens podem ser descritas como únicas. Ao mesmo tempo, alguns dos métodos utilizados pelo coreógrafo podem ser descritos como compartilháveis, tratando-se, assim, de um campo definido como conhecimento coreográfico.
Stéphan Schaub
Estendendo um ambiente de performance musical compartilhada entre improvisadores humanos e um dispositivo digital para incluir dança e movimento
Parte da pesquisa realizada atualmente no NICS é dedicada ao desenvolvimento e à exploração artística de ambientes de performance nos quais improvisadores humanos e um agente digital autônomo compartilham responsabilidades no desdobramento de um discurso musical. Ao mesmo tempo em que contribui para o resultado global por meio de suas próprias produções sonoras, o agente digital também fornece aos improvisadores informações visuais, constantemente atualizadas sobre o “estado” atual da performance. Uma “partitura” (abstrata) pré-estabelecida pode assim ser reconfigurada em tempo real de acordo com a escuta e a memória da máquina. Em relação a outros ambientes semelhantes, essa abordagem privilegia as trajetórias musicais de médio a longo prazo em vez das interações de momento a momento. Após uma apresentação geral do tipo de ambiente que temos em mente, discutirei a possibilidade de estender suas funcionalidades para incluir a dança, por meio de captura e análise de movimentos.
16h Apresentação experimentos multimodais
Os pesquisadores do Núcleo de Dança Redes: Isadora Alonso , Paco Vasconcelos e Guilherme Zancheta irão compartilhar estudos corporais e multimodais provenientes de pesquisas em desenvolvimento entre dança, programas computacionais e interfaces com orientação da Profa. Dra Daniela Gatti. O primeiro estudo busca relacionar o corpo como disparador de sonoridades (corpo sonoro) a partir da sua relação com objetos num ambiente imersivo evocando estímulos e experiências sensoriais. O segundo estudo traz a relação entre a dança e o design numa perspectiva do corpo como agente tradutor num diálogo entre desenho, movimento e som
Isadora Alonso. Paco Vasconcelos e Guilherme Zancheta
Quarta-feira dia 13 de Agosto
Manhã (9h-12h)
Conjunto de Indução Corporal composto por: meditação guiada, sequência de movimentos de yoga e modelagem e coordenação do espaço (sem e com deslocamento)
Trabalho coletivo, utilizando princípios do programa GDAM, para duetos e quartetos
- Co-criar dentro de um Grupo
Os participantes são guiados a incorporar os princípios de tensegridade e sinergia de grupo, aprendendo a agir de forma conjunta e simultânea, estabelecendo interdependências por meio da prática de “Outrar-se”, permitindo-se ser influenciados e inspirados pelo grupo.
- Guiar e deixar-se ser Guiado
Os participantes são orientados a se relacionar de acordo com regras relacionais pré-estabelecidas, que facilitam a coesão do grupo e promovem a exploração coletiva.
Tarde (13h-16h)
Trabalho individual a partir de conceitos do Improvisation Technologies, e conceitos para a improvisação, de William Forsythe
- Gerar movimento dançado individual
Os participantes serão introduzidos para alguns conceitos do Improvisation Technologies, do simples ao complexo, para gerar movimento, e deixar traços no espaço, uma escrita do movimento. É uma forma de sentir e perceber os espaços para o bailarino individual, e, portanto, trata-se de inscrição e de como escrever claramente dessa maneira. Desenvolver um senso físico de relação entre os movimentos. - Criar vocabulário de movimento individual
Os participantes irão gravar as investigações em torno dos conceitos do Improvisation Technologies; depois, essas gravações serão analisadas através da anotação digital de dança do sistema Motion Bank; a análise leva a uma seleção de movimentos e frases os quais serão estudados, refinados e fechados de modo que o indivíduo possa repetir esse material com precisão.
(16h-17h)
- Apresentar conceitos para a improvisação com o vocabulário de movimento e introdução da dramaturgia da “ausência”
Compor com o vocabulário de movimentos seguindo um conjunto de regras e conceitos que orientam a improvisação: observar e executar, observar e apagar, colapso de ponto, ordem sequencial reversa, colapso, extensão, inclinação, ponto para linha, linha para plano, etc.
Quinta-feira dia 14 de Agosto
Manhã (9h-12h)
Conjunto de Indução Corporal composto por: meditação guiada, sequência de movimentos de yoga e modelagem e coordenação do espaço (sem e com deslocamento)
Trabalho coletivo, utilizando princípios do programa GDAM, para duetos e quartetos
- Co-criar dentro de um Grupo
Compondo com jogos de movimento em grupo, utilizando o jogo da Triangulação e o jogo do Flocking. - Guiar e deixar-se ser Guiado
Brincando e compondo com objetos coreográficos matemáticos para duetos e quartetos.
Tarde (13h-16h)
Trabalho individual a partir de conceitos do Improvisation Technologies, e conceitos para a improvisação, de William Forsythe
- Gerar movimento dançado individual
Os participantes serão introduzidos para outros e novos conceitos do Improvisation Technologies, do simples ao complexo, para gerar movimento, e deixar traços no espaço, uma escrita do movimento. - Construção do sistema do Alfabeto com os scores individuais de movimento
Os participantes irão definir um sistema de letras para os scores/partituras individuais, de modo a fechar um conjunto de dados (movimentos) os quais serão variáveis a partir de conceitos e regras de composição. O Alfabeto é um dispositivo que permite codificar e relembrar imagens, trazendo à mente dos dançarinos uma forma de movimento específica que pode ser ‘escrita’ pelo corpo ao esculpir o espaço de diferentes maneiras e direções. Cada letra do alfabeto é uma imagem-palavra que pode ter conexões suplementares.
(16h-17h)
- Criar uma lista de tarefas e conceitos para a improvisação com o score individual e a dramaturgia da “ausência”
Compor com os scores individuais seguindo um conjunto de regras e conceitos que orientam a improvisação a partir do alfabeto. A lista de tarefas orientam a improvisação, ficam posicionadas em vários pontos da sala. Os dançarinos fazem escolhas a partir dessas listas sobre quais atividades selecionar nos trechos improvisados. A escolha é determinada pelos sistemas alfabéticos. Exemplo de tarefas: lançar a partir de parte do corpo, correspondência de membros, redistribuição espacial, inscrição rotativa, extensão de trajetória, entre outros.
Sexta-feira dia 15 de Agosto
Manhã (9h-11h)
Processos híbridos: trabalho coletivo, utilizando princípios do programa GDAM, para duetos e quartetos/ conceitos do Improvisation Technologies e conceitos para a improvisação de William Forsythe.
A partir da zona de conflito entre a lembrança corporal de um movimento e o seu permanente desaparecimento na dança, princípios coreográficos operam na produção sempre nova de movimento a partir da ausência.
(11h-12h)
Performance/experimento
Dramaturgia: questões em torno da ontologia da ausência na dança
Ausência
A omissão de certos parâmetros específicos da dança, como o fluxo de movimento, em favor de uma não linearidade, parece revelar uma outra dimensão, mais fundamental, da ausência, sobre a qual a dança sempre se sustentou. Uma abordagem analítica da dança analisa sempre, ao mesmo tempo, suas condições de possibilidade. Ela traz à tona a especificidade de sua teatralidade, que se funda em sua ausência ontológica e não em sua presença. A presença da dança precisa, para escapar da mera troca de informações e novidades, estilos e movimentos em um presente perpétuo, fazer o desvio pela ausência, a fim de possibilitar uma outra forma de experiência — uma experiência inalcançável, tal como a morte a representa — tanto para os dançarinos quanto para o público.
Convidadas
Júlia Abs é artista-pesquisadora, coreógrafa e performer, cuja prática se articula entre a dança, a coreografia, o vídeo, o desenho, e processos de arquivamento, documentação, e publicação de conhecimentos de coreografia e dança através de mídias digitais. Com atuação marcada pela interseção entre arte, tecnologia e pensamento crítico, desenvolve pesquisas nos campos da Dança Contemporânea, das Tecnologias Digitais e da Filosofia da Performance. É doutora pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte da Universidade de São Paulo (2024) e realizou estágio de pesquisa no renomado Institut für Angewandte Theaterwissenschaft da Justus Liebig Universität Gießen, na Alemanha. Atua como coreógrafa e performer em projetos autorais e colabora com artistas no Brasil e internacionalmente, firmando uma trajetória crítica e inventiva no campo das artes contemporâneas.
Ana Maria Leitão é investigadora no INET-md e doutoranda em Dança. Pós-graduada em Dança na Comunidade pela FMH-ULisboa, com formação em Dança Contemporânea pelo Balleteatro. Trabalha com dança, improvisação e composição desde 2006. Paralelamente, é graduada em Física e Matemática Aplicada à Astronomia, com mestrado em Origem e Evolução da Vida, com foco em sistemas complexos e comportamento emergente.
Realização
Núcleo de Dança REDES Unicamp, Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), Instituto de Artes (IA).
Como chegar:
EB 14: (em breve)
NICS: https://maps.app.goo.gl/C8TJNVbzToP1CRJt5
Sobre o Núcleo de Dança REDES
O Núcleo de Dança Redes do Instituto de Artes da Unicamp é um grupo de pesquisa cadastrado no CNPQ desde 2012 vinculado ao programa de Pós Graduação em Artes da Cena liderado pela professora Dra Daniela Gatti do departamento de Artes Corporais da UNICAMP e colaboradora do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora NICS. O grupo atualmente investiga processos e sistemas interativos a partir do entrelaçamento da dança com o som, a música e novas tecnologias. Desenvolve projetos artísticos transdisciplinares trazendo a dança como linguagem híbrida no desenvolvimento poético estético do corpo em movimento e mediação tecnológica. A escolha do nome do grupo “REDES” traz a essência da interconectividade como vertente das artes na contemporaneidade. As pesquisas são geridas num modelo sistêmico e organizado em rede – trama, como um modo de pensamento e articulação comunicativa dialógica. O núcleo vem organizando atividades científicas, acadêmicas e artísticas que visam fomentar espaços de colaboração interinstitucionais em processos artísticos, e trocas de experiências e saberes, a partir de conhecimentos poéticos, estéticos e formativos.