Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora

NICS 40 ANOS | 1983-2023

Bem-vindo à página comemorativa dos 40 anos do NICS. O núcleo celebra quatro décadas de funcionamento ininterrupto de excelência acadêmica e artística.

Nesta página centralizamos os eventos que marcaram nossas comemorações ao longo do ano de 2023, dentre eles: palestras, seminários, concertos musicais, instalações sonoras, e congresso.

Adolfo Maia (ex-coordenador), Raul do Valle (fundador), Stéphan Sachaub (coord. associado), Manuel Falleiros (coordenador).

Eventos Comemorativos

NI(n)CS - Instalação Sonora | 03.Abril.2023

Inaugurada na abertura das comemoções “NICS 40 anos”, a instalacão sonora “NI(n)CS” foi concebida pelo pesquisador Dr. Jose Fornari (Tuti) do NICS. O nome alude à sigla do núcleo (NICS) e à obra que serviu de base para a instalação, “In C”de Terry Riley. A instalação foi montada no saguão de entrada da Biblioteca Central, de forma embarcada com um computador Rapesbery-Pi acoplado à uma TV e caixas de som, a fim de que o público pudesse observar o código e o som resultante.

Sobre a obra que serviu de inspiracão: “In C” (de 1964) composta pelo celebrado compositor norteamericano Terry Riley, é construída a partir 53 pequenos fragmentos musicais e, segundo sugestão do compositor, deve ser executada por 35 músicos que escolhem livremente que fragmento irão tocar. Importante composição minimalista, utiliza elementos da música aleatória.

Executada a partir de um modelo computacional escrito em Pure Data desenvolvido pelo Pq. Dr. José Fornari, intitulado “NI(n)CS” e baseado na pesquisa divulgada pelo artigo “Playing Algorithms: Finite State Machines with Datapath in Music-Domain Visual Languages” (Tavares, T. ; Fornari, J.), o patch conta com 35 “musicians” (subpatches que executam o patch FSM (finite state machine, ou máquina de estados finitos) e assim escolhem o trecho musical a ser executado e a sua ordem. Cada trecho escolhido é executado 4 vezes.

Cada “musician” inicia sequencialmente, após cerca de 7 segundos do “musician” anterior ter iniciado, porém o tempo que irão tocar é indeterminado, pois depende do caminho traçado pela sequência de estados da FSM (Finite State Machine, ou Máquina de Estados Finitos)  de cada um dos 35 subpatches “musician”, até cada um deles atingir seu último estado. Cada “musician” tem uma localização espacial ligeiramente distinta, a fim de criar a sensação de se escutar um grupo musical. 

Pesquisador Jose Fornari (Tuti)

“Apenas de cada performance iniciar com o primeiro trecho musical,  o caminho de escolhas de novos trechos é sempre diferente, por isso cada performance a partir desta releitura computacional será sempre uma nova versão desta obra prima do minimalismo”.

Encontro Memória NICS | 04.Abril.2023

Convidados do Nics falam sobre seus percursos relacionados ao núcleo, desafios e a instituição de um campo de pesquisa interdisciplinar e visionário. Foram convidados os ex-coordenadores Prof. Dr. Raul Do Valle, Prof. Dr. Adolfo Maia, Prof. Dr. Jonatas Manzolli e o atual coordenador Prof. Dr. Manuel Falleiros, a moderação foi realizada pelo Prof Dr. Stephan Schaub, coordenador associado. O encontro foi realizado na sede do NICS.

O relato desta reunião poderá ser conferido em breve!

Concerto - Ensemble Eletroacústico NICS | 05.Abril.2023

Fotos por Paulo Assis.

Ensemble Eletroacústico NICS: Formado por Manuel Falleiros (sopros, processamento digital); André Martins (Guitarra, bandolim, processamento digital); e Bruno Trochmann (cordas e instrumentos preparados), conta com experientes improvisadores especializados na linguagem da música aberta e improvisação não-idiomática.

O ensemble interpreta “Treatise” do compositor britânico Cornelius Cardew (1936-1981) . Considerada a maior obra musical escrita em partitura gráfica com quase 200 páginas. O grupo realizou a performance integral da obra, foram mais de 2 horas de duração ininterrupta de música criada ao vivo.

A partitura reúne uma diversidade de figuras geométricas, números, linhas e alguns símbolos musicais. Foi escrita entre 1963 e 1967. O compositor nunca deixou instruções específicas para ela, mas sugeriu que cada intérprete ou grupo construísse sua própria interpretação questionando as possibilidades de significado.

O Tratado de Cardew foi inspirado no trabalho do filósofo Ludwig Wittgenstein ‘Tractatus Logico-Philosophicus’, que examina os limites da linguagem humana. De forma similar, Cardew buscou explorar os limites da notação musical, utilizando símbolos não convencionais que não têm significado prévio. Cada músico, ou o grupo, deve criar seu próprio conjunto de significados para realizar uma performance única.

Durante a performance desta obra, o compositor espera que o público fosse livre para apreciar a obra de uma maneira mais informal. Mantendo o respeito com o trabalho dos músicos, as pessoas na platéia estão livres para deixar a sala para relaxar um pouco e voltar quando acharem conveniente; além experimentarem outros ângulos de visão, trocando de lugar, ou mesmo apenas escutar a performance com os olhos fechados.

Seminários NICS 40 ANOS - 2023

O Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) está organizando um ciclo de encontros como parte das comemorações de seus 40 anos de existência, tendo o som como tema principal de suas pesquisas.

Esses encontros exploram o som como ponto de partida para a pesquisa interdisciplinar, abrangendo áreas como acessibilidade, música, robótica, movimento, acústica, análise, criatividade, cognição, entre outros assuntos.

A cada duas semanas, às terças-feiras à tarde, dois convidados colaboradores do núcleo realizarão palestras, compartilhando suas perspectivas únicas sobre o som.

Em breve todos os vídeos estarão disponíveis no canal do YouTube do NICS.

 

Analise musical com suporte computacional

Em parceria com Igor L. Maia apresenta uma análise baseada em grafos de Musica Ricercata – Mov. VII (G. Ligeti) e seu arranjo para Six Bagatelles for Wood Quintet – Mov. III.

Adolfo Maia
Atualmente é Professor Associado (MS 5-II) aposentado da Unicamp, atuando como Pesquisador Colaborador do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS). Foi pesquisador do CNPq até 2013, primeiramente em Física Teórica e posteriormente na área de Modelos Matemáticos em Composição Musical e Sonologia.


Aplicação de técnicas de machine learning em análise musical

Um estudo de Kürze Schatten II (Brian Ferneyhough)

Rogério Vasconcelos
Doutor em Música/Composição pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS 2008) e bacharel em Música/Composição pela Escola de Música UFMG (1990), onde é professor desde 1997, atuando principalmente nas áreas composição (música instrumental, meios eletroacústicos) e análise musical.

Música e acessibilidade
 
Perspectivas videntes na produção acadêmica em acessibilidade musical do NICS. 
 
José Eduardo Fornari Novo Junior

José Fornari (Tuti) é pesquisador, carreira Pq, no Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desde setembro de 2008. Tem PosDoc pelo Grupo de Cognição Musical do Centro Finlandês de Excelência da Universidade de Jyväskylä, Finlândia (2007). Tem PosDoc em Síntese sonora evolutiva, realizado no NICS, patrocinado pela Fapesp, processo: 04 / 00499-6. (2004). Tem Doutorado em Engenharia elétrica pela Faculdade de engenharia elétrica e computação (FEEC) da UNICAMP. Foi Pesquisador Visitante no Centro de Pesquisa no Center for Computer Research in Music and Acoustics (CCRMA), da Universidade de Stanford, California, EUA (1996). Tem Mestrado em Engenharia elétrica pela FEEC (1994). Fez Bacharelado em Música Popular, modalidade Piano, no Departamento de Música do Instituto de Artes (IA) / UNICAMP (1994). Tem Bacharelado em Engenharia elétrica pela FEEC (1990). Áreas de pesquisa: Música e Tecnologia, Arte Computacional Multimodal, Síntese Sonora, Psicoacústica, Processamento de Áudio, Computação Evolutiva, Música Interativa, Recuperação de Informações Musicais, Cognição Musical, Neurociência e música.


Música e acessibilidade

O papel e o envolvimento do acadêmico com deficiência visual na produção em acessibilidade musical do NICS.

Vilson Zattera
Possui dois pós-doutorados pela Universidade Estadual de Campinas, PPGM Instituto de Artes-IA (2011-2017) nas áreas de violão, hardware e software livre, e acessibilidade computacional em música para pessoas com deficiência visual. Pesquisador convidado do NICS – Núcleo Interdisciplinar de comunicação sonora, Instituto de Artes UNICAMP. Atua na área de musicografia Braille e acessibilidade no Laboratório de Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes da Unicamp, docente convidado na área de educação musical e Braille na pós- graduação do Instituto de Artes da UNICAMP. Também
atuou como professor visitante da Escola de Música da UFRN, Natal-RN. É Ph.D em Etnomusicologia pela University of Washington,
Seattle, WA – U.S.A (2010) e Master in Fine Arts – Música pelo Califórnia Institute of the Arts, Los Angeles, CA-U.S.A (1999). É graduado no Bacharelado em Música (Violão) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990). Como pesquisador estuda e desenvolve metodologias que analisam as implicações socioculturais, estéticas e performáticas de modelos computacionais de síntese e processamento de dados (simbólicos e acústicos) no que tange a disponibilização do acesso à música para os deficientes visuais. Este projeto se estende desde a questão da utilização e implementação de ferramentas computacionais de auxílio ao acesso à música, para compositores e instrumentistas com deficiência visual, bem como no ensino e aprendizagem na área de Educação Especial e Inclusão. Vilson Zattera tem deficiência visual total desde os 7 anos de idade.

 

 

Narrativas expandidas: Performance, colaborações, criatividade, música mista e música telemática para flauta

Os avanços técnicos no repertório para flauta são tradicionalmente marcados pela participação dos intérpretes junto aos compositores, grande parte do repertório música eletroacústica mista para flauta também se desenvolveu sobre esse princípio de colaboração. Nessa apresentação abordarei importantes colaborações entre flautistas e compositores no Séc. XX e XXI e também, minha experiência pessoal centrada na performance musical e em colaborações criativas com compositores, instrumentistas e artistas de outras áreas.

 
Cássia Carrascoza
Doutora em Artes: Musicologia, Mestre em Artes: Processos de Criação Musical, Bacharel em Música com Habilitação em Instrumento Flauta, todos pela Escola de Comunicações e Artes- USP. Professora do Departamento de Música da FFCLRP-USP, onde coordena o LaFlauta- Laboratório de Flauta. Desde 2020, desenvolve intensa pesquisa sobre a música telemática junto ao compositor Paulo C Chagas, professor da Universidade da Califórnia, se apresenta virtualmente com diversos grupos musicais transnacionais, e publica regulamente sobre o tema. Coordena o ensemble LaFlauta telemático, grupo voltado para música de câmara a distância, composto pelos alunos do Departamento de Música e convidados internacionais. Realiza pesquisa na área de Ciências da Performance e áreas correlatas. Atua como solista na música contemporânea e frente a orquestras, como camerista junto ao Quinteto Pierrot, Percorso Ensemble e no Duo Graffitti. Foi a flautista da Camerata Aberta da EMESP do Estado de São Paulo e professora da mesma instituição. Atuou como primeira flautista da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo e na Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes, atuando principalmente nos seguintes temas: flauta, flauta transversal e músico de orquestra.
 
 

 A composição eletroacústica e mista em diferentes meios: particularidades e convergências
 
A música eletroacústica, realizada com o auxílio de aparatos eletrônicos analógicos ou digitais, passou por muitas transformações em diversos aspectos desde o seu advento em meados do século XX até a atualidade, sejam elas em relação às técnicas de síntese e processamento sonoro, espacialização e estéticas. Esta exposição se concentrará especificamente nos meios de expressão da música eletroacústica que surgem neste trajeto, em suas vertentes acusmática, mista, audiovisual e telemática. Exploraremos a suas possíveis combinações em suas técnicas e estéticas, procurando explorar as particularidades e convergências entre elas.
 
Danilo Rossetti 

É professor, pesquisador e compositor cujo trabalho se concentra na pesquisa interdisciplinar por meio do uso de tecnologias, metodologias e práticas colaborativas em processos criativos, performances e análises musicais. É professor da Universidade Federal do Mato Grosso, de música eletroacústica, composição e disciplinas teóricas, professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da UNICAMP, e líder do grupo de pesquisa do CNPq “Criação, análise e performance musical com suporte computacional”. Estudou composição com José Manuel López López, Silvio Ferraz e Flo Menezes, e técnicas de interação entre instrumentos acústicos e computadores na música mista com Alain Bonardi e Anne Sèdes. É Doutor em Composição Musical pela UNICAMP, com período sanduíche no Centre de recherche Informatique et Création Musicale da Université Paris 8, Mestre em Música e Bacharel em Composição (instrumental e eletroacústica) e Regência pela UNESP. Realizou pesquisa de pós-doutorado junto ao Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora da UNICAMP, sob supervisão do Prof. Dr. Jônatas Manzolli e com apoio FAPESP. Possui composições para diferentes formações instrumentais (solos ou conjuntos de câmara), acusmáticas, mistas e multimodais (instalações audiovisuais, música e dança, criações virtuais e música telemática). Foi um dos premiados do Prêmio Funarte de Música Clássica 2016, na categoria solos, música acusmática e mista. Suas composições já foram executadas em conferências e festivais tais como ICMC, CMMR, NYCEMF, CICTeM,NIME, BIMESP, SBCM, ANPPOM e CDMC 30 anos.

 


Noções de Liberdade e suas implicações na prática da Improvisação Livre.

Na prática da Improvisação Live observamos que a influência das expectativas na tomada de decisões busca atender de alguma forma a noção de “liberdade”, que se apresenta como distintiva, ainda que se tome como base modelos de organização estrutural a partir de representações gráficas ou então por meio de modelos no quais os improvisadores assumem papéis interpretativos.​​

Manu Falleiros (NICS/UNICAMP)

Compositor, improvisador, saxofonista. Doutor em Artes pela Universidade de São Paulo – USP. Lidera o Laboratório Multidisciplinar de Improvisação, Criatividade e Cognição Musical. Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em Música da UNICAMP. Coordenador do Núcleo de Comunicação Sonora – NICS / Unicamp


O estudo da Improvisação Livre a partir de metodologias da musicologia empírica.

O interesse acadêmico em relação à improvisação livre coletiva deu base para a construção de uma ampla discussão teórica sobre esta prática musical. Nos voltamos agora para as possibilidades que métodos da musicologia empírica podem abrir para seu estudo, tomando-a como objeto ou como modelo experimental.

Arthur Faraco (Universidade de São Paulo – USP)

Doutorando em Música na Universidade de São Paulo, atualmente em período sanduíche no Institute de Recherche et Coordination Acoustique/Musique (Ircam). Mestre em Música pela Unicamp. Tem como foco de pesquisa e de produção artística a improvisação livre coletiva.


Texturas do Som e do Movimento numa Pesquisa Interdisciplinar

 A música produz texturas através das diferentes articulações temporais presentes em cada composição que se relacionam com a percepção do espaço, ambiente, memória e movimento. É necessário entender que todos esses aspectos criam um complexo de vizinhanças do fato musical, tornando cada obra um atrator de significados. Para estudar essa rede de significação, é essencial desenvolver pesquisa interdisciplinar nos campos tecnológicos e musicológicos, explorá-los e ampliá-los criativamente na produção artística. A partir dessa motivação, a palestra apresenta a trajetória do autor, pesquisador e/ou coordenador do NICS durante cerca de 25 anos, exemplifica sua trajetória com obras que variam desde instalações interativas até óperas multimodais. Nelas utilizou diferentes arquiteturas sonoras que dialogam com o movimento e com o espaço para criar texturas únicas.

Jônatas Manzolli

É graduado em Matemática Aplicada Computacional (1983) e em Composição e Regência (1987) e é mestre em Matemática Aplicada (1988) ambos pela Uncamp. Desenvolveu seu doutorado (PhD) na University of Nottingham (1993) sobre Composição Musical. Atualmente é Professor Titular do Instituto de Artes da Unicamp e Coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS). Compositor e matemático, pesquisa a interação entre Arte e Tecnologia em criação musical, computação musical e ciências cognitivas. Atua no programa de pós-graduação em Música com ênfase em Processos Criativos e Fundamentos Teóricos em Música e Tecnologia. Suas publicações focam, principalmente, os seguintes temas: composição musical, síntese de som, auto-organização e criatividade sonora, ambientes interativos para composição, modelos matemáticos e computação evolutiva aplicados a processos sonoros. Sua produção artística relaciona música instrumental, eletroacústica, obras multimídia para dança e instalações sonoras.


Dança em redes:  uma poética da interação.

Processos criativos  em redes que integram diferentes modos comunicacionais como movimento, som, texto, música, imagem e suportes tecnológicos, problematizam o trabalho processual da criação redimensionando  os elementos intrínsecos de cada linguagem e o próprio campo poético-estético. 

No caso da linguagem da dança, o movimento  se torna “trama” quando os corpos adquirem um estado de abertura, disponibilidade e escuta para que as praticas  pré estabelecidas no campo da improvisação e da composição coreográfica se alterem  convergindo  a uma nova experiência poética  auto-organizada a partir das interações com outros agentes criativos. O  corpo em movimento se torna expandido e ganha novos contornos interativos de presença e sentido.

A partir da abordagem em redes a palestra apresenta algumas das experiências artísticas multimodais e composicionais desenvolvidas pela autora em parceria com o compositor Jonatas Manzolli desde 2013 trazendo os diferentes processos de trabalho com a dança e o movimento.

Daniela Gatti 

Artista da cena, pesquisadora e gestora na área da dança. É professora associada (Livre Docente) do Departamento de Artes Corporais e do Programa de Pós Graduação em Artes da Cena do Instituto de Artes na Unicamp (Campinas,SP). Coordena e lidera o Grupo de pesquisa (CNPQ) Núcleo de Dança REDES desde 2012 envolvendo pesquisadores de diferentes áreas das artes. Colaboradora no Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora da Unicamp (NICS) com projetos de pesquisas artísticos voltados a poéticas de interação entre corpo, som e tecnologia em realidade mista. Professora colaboradora no curso de especialização Lato Sensu em Arteterapia na Faculdade de Ciências Medicas da Unicamp (2021/2022). As áreas na docência e de interesse abrangem: Técnicas em Dança e criação; Composição Coreográfica, improvisação e processos criativos em dança multidisciplinares envolvendo diferentes linguagens das artes e saberes. Recebeu o Premio reconhecimento Docente de Graduação (2017) pelo Instituto de Artes – Unicamp, além de premiações para montagem e circulação de diversas obras cênicas. Doutora em Artes pela Unicamp com a tese Sade na Dança: Um processo artístico em Redes de Saberes (2010) Mestre em Artes pela Unicamp (2005) com o trabalho Medéia: Um Experimento Coreográfico. Licenciada em Artes Cênicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc. Estudou dança na Rotterdamse Dansacademie / Holanda (1991/1992) Como gestora coordenou o Curso do Ensino de Graduação em Dança da Unicamp (2012- 2017); foi coordenadora geral dos cursos de graduação do Instituto de Artes da Unicamp (2014 a 2016), Foi assessora na Pro Reitoria de Graduação da Unicamp (2017 – 2021) , e assumiu a Diretoria de Cultura da Prefeitura Municipal de Campinas (fev a abril 2021).


Ouvindo o mundo com duas orelhas.

Feche os olhos e preste atenção na sua audição. Note como você é capaz de extrair diversas informações do som ao seu redor como. Nesta palestra vamos abordar a capacidade do nosso sistema auditivo de localizar as fontes sonoras e como podemos simular o posicionamento de fontes virtuais no espaço ao nosso redor usando sistemas de áudio binaural.

Bruno Masiero – FEEC/Unicamp

Engenheiro acústico e músico nas horas vagas, sou professor na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade de Campinas (Unicamp).
Tenho pesquisado a aplicação de técnicas modernas de processamento digital de sinais em diversas aplicações de áudio e acústica, como aquisição e reprodução espacial de som, imageamento acústico, caracterização de materiais acústicos e desenvolvimento de ferramentas de avaliação audiológica.


Perda auditiava e Transtorno do processamento Auditivo Central: Como avaliar?

Nesta palestra apresentarei informações sobre como avaliar o sistema auditivo periférico e central.

Maria Francisca Colella-Santos
Professora Titular em Audiologia pela FCM/Unicamp, Coordenadora do curso de Fonoaudiologia da Unicamp e presidente da Academia Brasileira de Audiologia-ABA


Percussão e novas tecnologias

Irei discutir sobre algumas das habilidades e conhecimentos necessários para o intérprete do século XXI a partir das minhas experiências iniciadas no NICS e desdobradas na Universidade Federal de Uberlândia. Apesar da reflexão ser focada nos instrumentos de percussão, algumas delas podem servir também para outros instrumentistas e compositores. O objetivo é demonstrar como a rápida evolução tecnológica proporciona novos meios de se produzir, realizar e consumir música. Assim, o intérprete do século XXI deve estar preparado para lidar em diferentes contextos. Na minha visão, o virtuosismo não está mais em se especializar em uma determinada técnica ou repertório, mas na capacidade de adaptação aos diferentes contextos musicais.

Cesar Traldi

Percussionista e compositor, é bacharel em percussão e doutor em música pela Universidade Estadual de Campinas. Como solista, tem se destacado nacionalmente através de suas atuações frente a algumas das principais orquestras do país, além de apresentações e recitais solo em diversos Estados brasileiros. Internacionalmente estão apresentações na Croácia, Eslovênia, Dinamarca, Estados Unidos, México, Portugal, Espanha e Cuba. É professor do Curso de Música, pesquisador do Núcleo de Música e Tecnologia e orientador no Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal de Uberlândia. Atua também como colaborador do Programa de Doutorado em Música da Universidade de Aveiro – Portugal.


 Modelos de processos interativos catalisados pela performance musical

O foco deste seminário é discutir algumas das nuances e possibilidades de interação entre performers e mediação tecnológica, no contexto musical atual. Permeando um breve “estado da arte” no que se refere a algumas das interfaces utilizadas no âmbito da performance musical com aparatos tecnológicos, pretende-se abordar alguns aspectos interativos, tais como: espacialização de áudio; desenvolvimento de interfaces de baixo custo; pedais eletrônicos; realidade virtual (VR); analise mediada por suporte computacional, dentre outros. Para tanto, serão reportadas parte das pesquisas realizadas no LAPER 2 ME – Laboratório de Percussão e Performance Mediada por Recursos Tecnológicos da UFRN, coordenado pelo Prof. Dr. Cleber da Silveira Campos.

Cleber Da Silveira Campos

Doutor pelo Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS-UNICAMP), sob a orientação do Prof. Dr. Jônatas Manzolli, vem desenvolvendo sua pesquisa com ênfase na interação dos instrumentos de percussão e processos tecnológicos, no contexto da música contemporânea. Sua Tese intitulada ” Modelos de Recursividade Aplicados à Percussão com Suporte Tecnológico” recebeu a Menção Honrosa no “Prêmio CAPES de Tese 2013 da área de Artes/Música”. Realizou seu mestrado também no NICS-UNICAMP, com bolsa de fomento da “Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo” – FAPESP, concluindo em 2008. Foi professor substituto (bolsista PED) da UNICAMP. Atuou como professor efetivo de percussão da UNASP / Universidade Adventista de São Paulo e CDMCC / Conservatório Dramático e Musical de Tatuí “Dr. Carlos de Campos”. Como intérprete, destacam concertos em âmbito internacional, tais como: Croácia (2004, 2009); Cuba (2007); Portugal (2008); Espanha (2008) Eslovênia (2009) e México (2011). Tocou ainda com importantes percussionistas como: Stuart Marrs (USA), Frank Kumor (USA), Anders Astrand (Suécia), Angel Frette (Argentina), Igor Lesnik (Croácia), Carme Garrigó (Espanha) e Michael Udow (USA). Atualmente é professor de Percussão Erudita e Bateria da UFRN e coordenador do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Práticas Interpretativas dos Séculos XX e XXI. Tem experiência na área de Artes/Música – Instrumentação Musical (Percussão) e Mediação Tecnológica, com ênfase nas seguintes sub-áreas : INT-Práticas interpretativas/Performance Musical; MCO -Música contemporânea; MUT-Música e Tecnologia.


Interatividade, Máquinas e Arte: Explorando a Co-criação Humano-Computador

Computadores têm sido usados para criar arte desde o início dos anos 60, tanto por cientistas da computação com inclinação artística quanto por artistas interessados em usar ferramentas computacionais como um novo meio. Assim, as artes computacionais podem ser vistas como um espectro de atividades definido pela margem de controle que o artista humano possui sobre o resultado final ou, invertendo o ponto de vista, pelo nível de autonomia do sistema computacional.

Neste espectro de atividades apresentarei obras que não apenas exploram os vários níveis de colaboração entre humanos e computadores nas artes, incluindo robôs, mas também instigam a reflexão sobre os diferentes papéis que tais atores podem desempenhar no processo criativo, e como isso pode levar a novas formas de expressão, exploração e inovação, nos contextos visual, sonoro e do movimento.

 Artemis Moroni (DISCF – CTI Renato Archer/NICS)

É graduada em Ciência da Computação na Universidade Estadual de Campinas (DCC/IMECC, 1978). Obteve o mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Estadual de Campinas (IC,1996) e o doutorado em Engenharia da Computação pela Universidade Estadual de Campinas (FEEC, 2003). É Pesquisadora no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer na Divisão de Robótica e Visão Computacional (DRVC). Áreas de Interesse: sistemas interativos multimodais; robótica social; arte computacional; criatividade computacional.


Musica e máquinas: co-criatividade ou criatividade distribuída? 

A relação entre música e máquinas passou por uma evolução transformadora nos últimos anos, desafiando as noções convencionais de criatividade. Tentaremos explorar a interseção entre a musicalidade humana e a inteligência artificial, esclarecendo a questão de se isso constitui cocriatividade ou um novo paradigma denominado “criatividade distribuída”. Ao investigar os domínios da composição algorítmica, da música gerada por IA e das ferramentas colaborativas de criação musical atualmente disponíveis, navegaremos pela intrincada dinâmica entre artistas humanos e suas contrapartes mecânicas. Apresentaremos algumas das tendências emergentes na produção e no desempenho musical, baseados em IA e as implicações mais amplas para o futuro da expressão artística. Por meio dessa exploração, pretendemos promover uma compreensão mais profunda da relação em evolução entre música e máquinas, iluminando o caminho para uma integração harmoniosa da engenhosidade humana e da inteligência artificial no campo da criação musical (Mikhail Malt, ChatGPT & DeepL).

 Mikhail Malt (UMR STMS(IRCAM,CNRS, UPMC)ERC-REACH)

Possui doutorado em Música e musicologia pela Universidade Sorbonne Paris Cité(2000). Atualmente é RIM charge de enseignement (RIMce) da Institut de Recherches et Coordination Acoustique/Musique. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Música. 


Materiais e dispositivos no condicionamento acústico de salas

Os materiais utilizados no condicionamento acústico de salas têm indicações técnicas específicas dos fabricantes. No entanto, algumas vezes, os ambientes requerem soluções mais elaboradas. Na apresentação, pretendo mostrar cases práticos de aplicação de materiais e dispositivos em ambientes internos.

Maria Fernanda de Oliveira (FECFAU- UNICAMP)

Professora do Departamento de Arquitetura e Construção (DAC) da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FECFAU) da UNICAMP. Integra o Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Acústica. Tem experiência no desenvolvimento de pesquisa aplicada em parceria com empresas da cadeia produtiva da construção civil, com a execução de mais de 200 trabalhos técnicos com o tema de desempenho de edificações


Pesquisas em acústica no LaSom:

A palestra abordará trabalhos no campo de acústica de salas (Predição modal aplicada ao desenho de salas, Concepção de difusores sonoros, Método geométrico para posicionamento de defletores acústicos) e de engenharia de áudio (Sistema de registro sonoro multicanal em áudio imersivo, Método e processos de espacialização sonora multicanal, Processos de Downmix de registros sonoros multicanal) apresentando produções de referência e recentes.

José Augusto Mannis  (IA-Música UNICAMP)

Tem formação na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) (Engenharia Elétrica), Instituto de Artes da UNESP (IAP) (Composição e Regência), Conservatoire National Superieur de Musique et Danse de Paris (CNSMDP) (Composição de música eletroacústica e Pesquisa musical), Mestrado em Música pela Université de Paris VIII (1988) e Doutorado em Música pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) (2008). Pós-doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes – PPGCA no Instituto de Arte e Comunicação Social na Universidade Federal Fluminense – UFF, em Niterói, RJ. Atualmente é professor Titular no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Música, atuando principalmente nos seguintes domínios: música contemporânea, composição (música)-séculos XX e XXI, sonologia (música), acústica, engenharia de áudio. Desenvolve pesquisas e atividades interdisciplinares abrangendo rádio, bioacústica, acústica de salas, acústica musical, documentação musical, processos criativos e educação musical. Idealizador e responsável pelo Laboratório de Acústica e Artes Sonoras – LaSom, no Depto. de Música do IA/Unicamp. Pesquisador Colaborador junto ao Laboratório de Sinais, Multimídia e Telecomunicações COPPE/Poli-UFRJ trabalhando com a equipe do Prof. Dr. Luiz Wagner Biscainho e integrante do grupo de pesquisa Ritmo, corpo e som – UFRJ liderado por Prof. Dr. Rodolfo Caesar e Prof. Dr. Marcelo Carneiro de Lima.


Musicoterapia e Instrumentos Musicais Digitais Estendidos (EDMI): Perspectivas Interdisciplinares sobre Música, Criatividade e Neurotecnologia

O que torna a música tão poderosa a ponto de ser empregada em contextos terapêuticos, e quais são as bases neurocientíficas que a sustentam? Durante esta palestra, exploraremos os fundamentos da musicoterapia e o papel das neurociências na compreensão de seus mecanismos de ação, ilustrando como a música pode ser integrada em programas de reabilitação baseados em neurotecnologia. Explicaremos como a musicoterapia, combinada com os EDMI, abre novas possibilidades interdisciplinares. Abordaremos o empoderamento criativo e apresentaremos alguns exemplos de EDMI utilizados para esse propósito.

A palestra concluirá com uma reflexão sobre a crescente importância da colaboração entre musicoterapia e neurotecnologia nos campos da reabilitação e do bem-estar, abrindo novas perspectivas de pesquisa e prática clínica.

Elena Partesotti (NICS – UNICAMP)  

Possui doutorado em Musicology and Music Technology – Universidad de Valladolid (2016). Atualmente é postdoctoral researcher –  Núcleo Interdisciplinar da Comunicaçao Sonora (NICS). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Music Therapy and Music Technology.


Interação gestual e realidade virtual associada a recuperação física e neurofuncional 

Serão apresentadas as iniciativas da linha de pesquisa sobre realidade virtual e recuperação neurofuncional em desenvolvimento no âmbito do Cepid BRAINN (Brazilian Institute for Neuroscience and Neurotechnology – https://cepid.fapesp.br/ / https://www.brainn.org.br/). Tais inciativas consistem no desenvolvimento de tecnologias de reconhecimento de gestos a partir de técnicas de visão computacional e sensoriamento (ultrassom e unidades inercias), voltadas ao controle (por interação gestual) de interfaces de realidade aumentada e virtual, com aplicações em terapias de recuperação motora e neurofuncional. As soluções desenvolvidas permitem a interação humano-computador de forma não convencional, a partir de estímulos motores. Assim, com o uso de tais soluções, é possível rastrear os movimentos dos pacientes (associados a terapias de reabilitação) e convertê-los em comandos de interação com o ambiente virtual (imersivo e não-imersivo), bem como realizar o registro e a mensuração em tempo real da atividade motora realizada durante a intervenção, evidenciando a evolução funcional com o decorrer do tratamento.

Alexandre Brandão 

Professor na Escola Politécnica (Faculdade de Engenharia Elétrica) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Brasil. Pesquisador associado no Instituto Brasileiro de Pesquisa em Neurociências e Neurotecnologia (CEPID BRAINN FAPESP). Doutor em Biotecnologia pelo Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (CCET UFSCar), é especialista em Informática em Saúde (UNIFESP), com estágio Pós-Doutoral no Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW UNICAMP) e pesquisador visitante no Institute for Bioengineering of Catalonia – IBEC/Spain. Participação em projetos de pesquisa, desenvolvimento (XTReMe DReANNs – FINEP) e inovação (BSN – EMBRAPII). Tem experiência nas áreas de Cinesiologia, Interação Humano-Computador não convencional e Neurotecnologia, com foco no estudo do movimento humano, interação gestual com interfaces virtuais e suas aplicações em prevenção e recuperação.


Colaboração, estrutura, improvisação, limites: comentários e exemplos de estratégias e pensamentos na criação musical experimental

Quando se coloca em questão um determinado modo de criação musical, que se baseia na aceitação de determinadas normatizações/padronizações, faz-se necessário o desvelamento de tensões – p. ex., entre aspectos físicos e mentais, entre autoria e colaboração, entre o possível e o real – e a busca por sínteses. tais questões serão comentadas a partir de exemplos de atividades musicais nas quais o palestrante está ou esteve envolvido.

Mário del Nunzio

Atua no contexto da música contemporânea/experimental. mestre e doutor em música, com pesquisas respectivamente sobre fisicalidade e processos colaborativos na música experimental. álbuns lançados contemplam música eletroacústica, improvisação e interpretação de música de concerto. um dos idealizadores do encun, do ibrasotope (2007-18) e do festival internacional de música experimental (2015-17).


Biblioteca ELSE para o Pd/PlugData e Tutorial de Live Electronics

Nesta palestra serão demonstrado desenvolvimentos que resultaram em uma das mais famosas bibliotecas para PD, ELSE, assim como os tutoriais e diversos desenvolvimentos que possibilitam hoje a utilização mundialmente reconhecida desta ferramenta.

Alexandre Torres Porres

É músico, professor e produtor cultural. Estudou harmonia, arranjo e contraponto com Antonio Adolfo. Estudou graduação de Composição e Regência na EMPAB (Escola de Música e Belas Artes do Paraná) e bacharelado em Produção Musical na UFPR (Universidade Federal do Paraná). Mestre em Composição (Unicamp) e Doutor em Sonologia/Computação Musical (USP) com estágio de pesquisador na McGill/Canadá. Em 2017 realizou estágio de Pós Doutorado na UFPE, em projeto de pesquisa de desenvolvimento de aplicativos musicais e educacionais para dispositivos móveis, realizado em parceria com a D’accord Music Software.


Perspectivas sobre a análise musical hoje

A dupla obra-texto: algumas reflexões metodológicas articuladas ao redor de Metastaseis (1954), de Iannis Xenaki

Stéphan Schaub 

Stéphan Schaub possui Bacharelados em Percussão, Composição Musical e Matemática pela University of Arizona (EUA) e em Musicologia (EHESS e Sorbonne University, França). Iniciou sua carreira de pesquisador estudando as implicações da formalização matemática nos processos composicionais e na análise da música do século XX, com ênfase nas suas dimensões rítmicas/sonoras. Ao aprofundar seus estudos nas produções teóricas e musicais dos compositores Iannis Xenakis e Milton Babbitt, sua pesquisa ampliou o escopo para incluir os seguintes temas: a metodologia e a epistemologia da análise musical, a aplicação da tecnologia digital no estudo da música e o desenvolvimento de meios para orientar performances abertas/improvisadas. Desde 2016, é pesquisador efetivo (Pq C) do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) da Universidade Estadual Paulista de Campinas (UNICAMP), Brasil.


Uma análise que compõe, uma composição que analisa: uma pesquisa e um horizonte

Nas raras vezes, musicólogos reconheceram em transcrições, orquestrações, reduções etc. um caráter analítico com relação à obra transcrita. Exemplos disso se encontram nos escritos de Szendy (2008) sobre as transcrições de Liszt, em Dahlhaus (1987), quanto à “instrumentação analítica do Ricercar a seis vozes de Bach” realizada por Webern, ou em Chafe (1992), sobre a expansão madrigalesca por Monteverdi de seu originalmente monódico Lamento de Arianna. Esse tipo de reescritura de cunho crítico e analítico, o qual traz à tona, amplifica e desenvolve aspectos latentes da obra original, pode ser agrupado sob a noção de comentário composicional, proposta por Berio (2006; cf. Packer 2018) e abundantemente realizada em sua música.

De nossa parte, motivados por interesses composicionais e pedagógicos (igualmente no âmbito da composição), temos nos valido de uma modalidade de comentário para desvelar relações funcionais tonais, tanto locais como de larga escala, latentes em obras geralmente tidas como “pós-tonais”: em resumo, temos acrescentado a cada obra analisada – a qual permanece ademais intacta – uma linha melódica que prepare e/ou resolva dissonâncias suas e que, assim, remeta cada harmonia dissonante a formações harmônicas mais convencionais, de modo a balizar e pronunciar interpretações destas em termos tonais funcionais.

Reconhecendo-se, em todas essas experiências, um patente potencial epistemológico da composição musical, conseguiremos transpô-lo de um plano estritamente técnico para um plano cultural mais amplo? Frente à intensa demanda de nosso alunado por uma maior inclinação acadêmica às nossas próprias músicas populares, haverá nas práticas críticas de reescritura um potencial para compreendê-las nos termos de nossa própria cultura? Caberá, nesse sentido, uma aproximação entre o comentário composicional e a antropofagia cultural de Oswald de Andrade?

Francisco Zmekhol

Professor Doutor na Universidade Estadual de Campinas. Doutor em Artes (Processos de Criação Musical) pela Universidade de São Paulo (2018); mestre em Música (Processos Criativos) pela Universidade Estadual de Campinas (2013); bacharel em Música (Composição) pela Universidade Estadual de Campinas (2011). Atua principalmente nos seguintes temas: Composição musical, Tonalidade expandida, Música do século XX. Foi professor da Universidade Federal de Rondônia entre 2014 e 2022. Integra a comissão organizadora dos Simpósios Internacionais de Música na Amazônia 

História

Conheça um pouco de nossa história e momentos em nossa linha do tempo

Criado em 8 de abril de 1983 pela portaria GR 101/83, o NICS tem como objetivo promover a pesquisa científica que envolva as diferentes manifestações do som. Destaca-se sua vocação na pesquisa interdisciplinar, abordando temáticas inovadoras, ainda para a época, e que continuam se atualizando, dente elas a poluição sonora, análise dos cantos dos animais, fonética, música eletrônica, registros etnomusicológicos. Sua elaboração e início contou com o empenho do Prof. Dr. Raul do Valle, do Departamento de Música, que foi pioneiro ao idealizar um diálogo com a música contemporânea; contou com a área da acústica e a ressonância dos sons na visão do Prof. Dr. Carlos Arguello (Instituto de Física “Gleb Wataghin”); com o som dos pássaros e os seus múltiplos cantos no ponto de vista da bioacústica do Prof. Dr. Jacques Vielliard (Instituto de Biologia); e com a análise do espectro sonoro e processamento de sinais do Prof. Dr. Furio Damiani (Faculdade de Engenharia Elétrica).

1982
Solicitação à Reitoria

Ofício CGI 88/82 trata da criação do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora. 

1983
Portaria de criação do NICS

Portaria de Criação do NICS, publicada no Diário Oficial em 8 de Abril de 1983.

1983
Raul do Valle, pioneiro do NICS

Raul do Valle, professor do Departamento de Música do Instituto de Artes (IA), pioneiro ao idealizar o Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), criado em 1983, Coordenador do NICS de 1983-2000

1994
Jônatas Manzolli inicia sua atuação no NICS

Jonatas Manzolli, recém-doutor, inicia atuação no Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS), discutindo questões articuladas entre música e tecnologia em 1994 (Foto: Antoninho Perri)

Abril 1999
Sistema autônomo de composição musical é desenvolvido por pesquisador do NICS

Primeiro sistema autônomo de composição musical é desenvolvido pelo pesquisador Jônatas Manzolli do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS). O projeto concluído é apresentado em Zurique, na Suíça, o ORBIT 98.

Abril 2001
Bailarina, calçando sapatos interativos, realiza performance com um parceiro robô

Primeiro sistema autônomo de composição musical é desenvolvido pelo pesquisador Jônatas Manzolli do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS). O projeto concluído é apresentado em Zurique, na Suíça, o ORBIT 98.

2002
“ADA: Intelligent Space”

Pesquisadores do Núcleo Interdisiciplinar de Comunicação Sonora (NICS) participam da “ADA: Intelligent Space”, projeto de pesquisa entre o NICS e o Institute of Neuroinformatics (INI) do Swiss Federal Institute of Technology (ETHZ) de Zurique. A ADA é apresentada de maio a outubro na EXPO.02 (exposição nacional da Suíça que se realiza a cada 30 anos), numa plataforma aquática localizada num dos lagos do Cantão de Neuchâtel.

Junho 2005
Água, fogo, terra e ar

Instalação sonora inédita leva visitante a interagir com cenários que remetem a água, fogo, terra e ar. Trata-se Hello Stranger, em que Jônatas Manzolli, do NICS, criou a estrutura musical interativa. Jornal da Unicamp, 13 a 19 de junho de 2005

Dezembro 2007
Raul do Valle é homenageado e lança DVD
Raul do Valle é homenageado e lança DVD, que reúne sons e imagens de três documentários televisivos. Apresentado na quinta reunião ordinária do Conselho Universitário (Consu), o DVD também comemora os 33 anos de atividade do autor, que foi convidado a integrar o corpo docente da Universidade pelo então reitor Zeferino Vaz.
Maio 2010
Obra eletroacústica, TraMa, estreia em Copenhague, na Dinamarca
 
Setembro 2010
Música eletroacústica toma seu lugar no cenário musical brasileiro do século 21
A música eletroacústica toma seu lugar no cenário musical brasileiro do século 21. Mas o palco onde esses musicistas atuam hoje vinha sendo preparado desde o início da década de 1990 por uma geração anterior que, estimulada pela abertura política à importação de equipamentos eletrônicos de tecnologia avançada no período, começou a utilizar recursos computacionais em suas produções eletroacústicas.
Outubro 2011
Ciddic e NICS organizam fórum “Um Panorama da Música Contemporânea”
Em 6 de outubro é realizado o Fórum “Um Panorama da Música Contemporânea”, organizado pelo Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic) e pelo Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS). No evento, Almeida Prado é comparado a Cesar Lattes e a Villa-Lobos. Sílvio Ferraz, professor do Departamento de Música, do Instituto de Artes (IA), declara que: “A Unicamp, a USP, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras, possuem núcleos eletroacústicos. 
Novembro 2011
Nics organiza TEDx-Unicamp
O Núcleo Interdisiciplinar de Comunicação Sonora (NICS), passa a sediar o TEDx-Unicamp, organizado pelo pesquisador José Eduardo Fornari Novo Junior. O primeiro evento, acontece em 20 de novembro, sob o tema “A fronteira entre Ciência e Arte”. 
Julho 2012
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, é realizado no Centro Cultural do SESI, de 16 de julho a 19 de agosto.
Músicos e pesquisadores do NICS realizam apresentação inédita em festival de arte e tecnologia que acontece em Roma. Tiago Tavares, Vânia Pontes, Clayton Mamedes, Gabriel Rimoldi, sob a orientação de Jônatas Manzolli (centro).
Maio 2014
Nics sedia 10º Simcam
Núcleo Interdisiciplinar de Comunicação Sonora (NICS) abre a 10ª edição Simpósio de Cognição e Artes Musicais (Simcam) em 26 de maio, no Centro de Convenções da Unicamp. O evento é dedicado à discussão científica de questões relevantes aos processos cognitivos em Música, em suas várias dimensões.
Agosto 2014
Colóquio Brasileiro de Criação de Análise Musical com Suporte Computacional, 2014
NICS organiza, em parceria com a Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC), o Instituto de Artes (IA) e Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic) da Unicamp, junto à USP e à Unesp, com apoio da Fapesp, o Colóquio Franco-Brasileiro de Criação e Análise Musical com Suporte Computacional. O objetivo do evento é discutir as novas perspectivas do universo da formalização musical computacional. No programa do evento constam conferências, mesas-redondas, aulas e concertos.
Agosto 2014
Concerto de encerramento do 1º Colóquio Franco-Brasileiro de Criação e Análise Musicais com Suporte Computacional
Concerto de encerramento do 1º Colóquio Franco-Brasileiro de Criação e Análise Musicais com Suporte Computacional. Apresentação: “Livre Digital: Fronteiras Musicais Tecnologias que desafi(n)am os sentidos”, realizada no Almanaque Café.
Dezembro 2015
Estreia da obra "Impro(VISA)ação"
O professor Jônatas Manzolli, do Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) da Unicamp, estreia, dia 11 de dezembro, às 20h30, no Conservatório de Veneza (Itália), a obra "Impro(VISA)ação" (2015) para computador e audiovisual interativo.
Outubro 2015
Exposições "Caminho das Águas" e "Penetração no espaço" são abertas na Galeria de Arte da Unicamp
Público interage com a exposição “Caminho das águas”, do artista Clayton Mamedes e "Penetração no espaço”, de Norma Mobilon na Galeria de Arte da Unicamp, outubro de 2015
Setembro 2016
NICS realiza o Seminário “Criatividade em Arte e Ciência: desafios do século XXI”
Em 16 de setembro, o Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) realiza o Seminário “Criatividade em Arte e Ciência: desafios do século XXI”, com a participação dos pesquisadores Paul Verschure e Michael Arbib. O evento acontece na sala da Congregação da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC).